quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

narcose


narcose, doçura.
delírio,
delirium tremens.
te extraño.
i miss you, sugar.
tremo de beijos,
degusto seu-meu medo.
medir o tempo, não merecemos.
não compreendo
essa relaciona-e-mente.
miragem, magia, milagre
não engrandecem.
te quero, coração,
sem tripa, sem trabalho.

são tantos agouros
que aturam os mosquitos
dentro da tua cabeça,
que tentam escapar pela tua nuca 
encucada e em coleira.
cria cores,
comete crimes
para salvar uma crise, um dia,
que nunca terminam.
too much work for something that never worked.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

semana passada

existo nesta mão que toca o estilete e
desiste de 
trincar anda mais meus
trinta.
e um segundo,
como um segundo olhar, me salva.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

"Deve-se queimar Beauvoir?" na Biblioteca Mário de Andrade


Deve-se queimar Beauvoir?
Oficina
Dia: 17 e 24, das 14h às 17h
Local: Sala infantil
A proposta da oficina é apresentar um panorama da vida e da obra de Beauvoir, com o foco nos conceitos filosóficos da autora necessários para compreender a sua análise sobre a mulher na sua célebre obra sobre o tema, O segundo sexo (1949). O objetivo é discutir o trabalho da escritora além dos aspectos acadêmicos. No último dia da oficina, cada participante terá espaço para apresentar sua produção ou manifestação inspirada na experiência adquirida nos encontros.
Juliana Oliva graduou-se em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu em 2007. Em 2014, como bolsista Capes, concluiu o mestrado em Filosofia com a dissertação Identidade e reciprocidade em O segundo sexo de Simone de Beauvoir. Atualmente, é doutoranda em Filosofia e bolsista da Capes pela EFLCH-Unifesp, onde pesquisa a relação erótica autêntica como imagem da reciprocidade entre homem e mulher em Simone de Beauvoir, a partir dos conceitos de O segundo sexo e das representações na obra literária Os mandarins.

sábado, 13 de agosto de 2016

Sexto encontro aberto do Cortázar Clube na Casa Elefante

Ainda estamos sem saber o que dizer sobre a descoberta no último encontro, que vestir um pulôver pode levar alguém a cair do décimo segundo andar. Talvez Marcos Lizardo tenha algo a dizer.
Enquanto isso, passemos ao próximo:
Sexto encontro do Cortázar Clube na Casa Elefante
No mês do aniversário do Cortázar convidamos todas e todos a levar algumas linhas de presente, algum conto curto ou trecho de qualquer outro escrito do Cortázar ou sobre ele. Que tal?
Dia 23.08 - 19h-21h @ Casa Elefante - Rua Cesário Mota Jr., 277 - próximo à estação Santa Cecília

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Deve-se queimar Beauvoir?



 flyer lindo divulgado na página do Mafalda



 




Olá. Meu nome é Juliana Oliva e eu estudo Simone de Beauvoir. Oi. Eu sou a Julie, eu saí do facebook há mais de dois anos e eu posto poemas confessionais neste blog anonimamente. Ah! Antes de tudo, dizem que eu sou uma mulher. Eu sou?
Foi da vontade de sumir que vai e volta, que anda fortemente presente nos últimos meses, que surgiu a ideia de criar este blog e, mais tarde, de sair do facebook. Sumir ao menos na vida virtual então. Não tem mais Julie nem Juliana Oliva, fica a better version of me, esta, talvez nem sempre melhor. Foram quatro pedaços de felicidade, quatro dias em que encontrei, graças à querida Renata, dez garotas (Alessandra, Beatriz, Gabriela, Graziela, Jessica, Julia, Lauana, Midria, Thainara e Zaira) e um garoto (Gabriel) no cursinho Mafalda SP Leste I, que me fizeram sair do anonimato neste blog. Ou melhor, não fizeram nada, na minha experiência com elas, com ele, desvelei o mundo de outra forma e escolhi dizer aqui quem eu sou, e o que eu fiz: um curso de férias.
"Deve-se queimar Beauvoir?", inspirado no título do texto da autora "Deve-se queimar Sade?", foi o nome que escolhi para o curso. A ideia era contar sobre a vida e a obra de Beauvoir e ensinar um pouco sobre a sua perspectiva filosófica e a aplicação desta no que diz respeito ao problema - aos problemas! - da mulher - das mulheres! - no célebre O segundo sexo, mas... partindo do que se diz sobre a autora, das frases atribuídas a ela nas redes sociais e do que cada participante conhecia a respeito. Acredito que consegui realizar a proposta. 
Foram quatro encontros. No primeiro dia perguntei "quem é Beauvoir?". "Beauvoir" era um nome frequente no facebook associado aos feminismos, era tema de uma pergunta do ENEM ou era apenas um nome que aparecia no título de um dos cursos de férias do Mafalda. Aos poucos, Beauvoir ganhou corpo na nossa sala, não apenas pelo que eu ensinava nas minhas longas falas que estouravam o tempo que eu pensava que a aula duraria quando escrevi a proposta, mas a cada olhar, a cada dúvida, a cada contestação, a cada comentário, a cada reflexão e principalmente, a cada reação contra a situação de machismo que ainda persiste. Situação que transcendemos ali dentro. 
Minha proposta para terminar o curso era abrir espaço para que cada participante expressasse na linguagem que preferisse o olhar que adquiriu ao longo dos encontros. O resultado foi lindo: um jogo de palavras, um poema, da Midria, a lembrança da Graziela da letra de "Pais e filhos" da Legião Urbana, o desenho que a Gabriela fez da Beauvoir, o desenho da Zaira inspirado no curso, o texto sobre Beauvoir e O segundo sexo escrito pela Jessica e a palavra final da Julia à pergunta "Deve-se queimar Beauvoir?"! Decidimos que não. 
Com este texto, agradeço à Re, ao cursinho Mafalda, a funcionárias e funcionários da UNICID (espaço que abriga o Mafalda), às alunas e ao aluno incríveis que tornaram o curso possível e à Tati Schunck (a maior incentivadora da escrita e da divulgação da proposta), e reitero que desejo muito que "Deve-se queimar Beauvoir?" aconteça em outros espaços. 
Eu sou a Juliana Oliva, mas podem me chamar de Julie. Às vezes eu canso de tudo, mas Beauvoir e muitas pessoas lá fora me lembram de que vale a pena não sumir. Então apareço. 




Alunas que estavam presentes no último dia do curso.





o presente que ganhei da Gabriela






O poema da Midria:


Durante todo o tempo de nossa existência

Uma questão que deve se manter em eminência 

É a da prática iminente da ausência


Da ausência de justificativa

Da valorização transcendental de toda liberdade original

De compensar o peso de suas ações sobre a terra

E perceber que a vida é como um nau:fragia ou não

A partir do que se entende e se faz dela afinal


nossa foto feita pela Julia


o texto da Jessica

quarta-feira, 6 de julho de 2016

12.07.2016, 5° encontro aberto do Cortázar Clube na Casa Elefante

Percebemos que o frio chegou e queremos nos divertir um pouco. Isso é tudo. A leitura do mês é "Ninguém seja culpado", do livro Final do jogo. Não sinta culpa se não tiver tempo de ler o texto, vá mesmo assim ao encontro. E não esqueça o seu pulôver.

Terça-feira, dia 12 de Julho de 2016 às 19h, na Casa Elefante - Rua Cesário Mota Jr., 277

convite no Google+: https://plus.google.com/u/0/events/cb7o4ob0pepun37pv6bcfjblq8g?authkey=CL3y2Of22uStgwE

sexta-feira, 10 de junho de 2016

terça-feira, 7 de junho de 2016

você de novo
aqui
minha voz
(vai agora)
vacila
cilada sua
soa e sua,
me domina,
me ilumina,
ilusionista
sua língua
alisa
meu vício,
minha sina,
viral
vi roubar-lhe a luz
e a lucidez
dez vezes
desde sempre
minha vida
má, vil vida em vão
não
(vai agora)
não.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

depois do post anterior, hoje esbarro neste trecho

"Désir d'écrire à Jacques. J'avais dit que non, il vaut mieux que non. J'y irais plus loin que peut-être il ne le voudrait lui-même. Il faut attendre sa lettre, qui ne viendra pas. Il y a quelque chose d'extraordinaire. Que je puisse concevoir si bien ma vie sans amour, et même la vivre. Que je ne sente aucun manque quand je n'aime pas, sinon par comparaison, et que j'aime ainsi d'un amour qui est une plénitude tellement incommensurable avec la fausse plénitude de l'autre." (BEAUVOIR, Simone. Cahiers de jeneusse 1926-1930. Paris: Gallimard, 2008, p. 532)

escrito por Simone de Beauvoir em 18 de novembro de 1928 no sexto caderno dos seus diários. Os grifos são meus. Alguém quer a tradução?

quarta-feira, 1 de junho de 2016

só para constar

"O que é toda essa história? Do que se trata? Quem é esse Robert L.? Chega de dor. Estou a ponto de compreender que não há mais nada em comum entre esse homem e eu. Dá no mesmo esperar um outro. Eu não existo mais. Então, se eu não existo mais, por que esperar Robert L.? Dá no mesmo esperar um outro se eu gosto de esperar. Nada mais em comum entre esse homem e ela." (Marguerite Duras)

Das coisas mais legais que eu já ouvi e li. Trecho da peça "A dor" (com Rita Grillo, dirigida por Vanessa Bruno) que está em cartaz no Sesc Consolação, provavelmente um trecho do livro A dor (La douleur) de Marguerite Duras. O grifo é meu.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

O que eu disse
retiro
na cabeça
não há melhor lugar
para uma bala
adoçar
os bichos que devoram o doce da vida
por dentro
matar de diabetes o pensamento
há de mirar e admirar
tiro

quarta-feira, 25 de maio de 2016

without thinking, without breathing, without blinking

preocupações estranhas, ouvindo In utero do Nirvana e digitalizando 32Mb de páginas... escrevi isto:

repetition
paranoia
my brain will stop
69 is the number of crimes
inside my head
once there was pain
in bed 
I beg myself to, please, do not stop
do not mess it all again
poor rhymes
poor pills
such a baby
to face the thrill
deny and lie
scream and cry
until the kiss is ill
with the bloody valentine
that licks me
blessed fingers
and holy mouth
pleasures inside the box
shaking bones
and caressing the thorns
around the wrists
to watch the pulse cease
my favourite season
is the winter, of course
but nothing like spring
when stomach and liver bloom
spiders and butterflies
by the way, you again,
butter me under your sheets
whisper me 
our dirty rules
grab me at the feet
close to your ears
inside out in your arms
I feel like I disappear
No beer
Wait for wine
You put fire on my mind
I love when we are
face to between the thighs
Pardon
if my writing is too much high
It's just because I'm constantly
afraid to die.

Quarto encontro do Cortázar Clube + participação de Tiago Genoveze

Recado do Clube:

Fiquemos com apenas uma surpresa, a do último encontro! 
O que não era surpresa aconteceu lá fora, e aqui dentro de nós. Surpresa ou não, rejeitamos esse acontecimento. 
Dispensamos a surpresa do próximo encontro. Não haverá "leitura surpresa", haverá a leitura de "Apocalipse de Solentiname" do livro Alguém que anda por aí
Mas não pensem que não gostamos mais de surpresas. Tendo lido ou não o texto, vocês podem aparecer de surpresa. Aliás, no último encontro ocorreram duas: a leitura, e a visita de um desconhecido chamado Tiago Genoveze, que será nosso parceiro no quarto encontro.

Eis o convite de T:

Solentiname é um lugar real. Um arquipélago no extremo sudeste do grande lago da Nicarágua. Uma utopia nas decadas de 60 e 70. As ilhas, hoje, quase inexistem de tão esquecidas.
Foi a leitura deste conto que me levou a viver em Solentiname por quase dois anos. Estarei presente no próximo encontro pra ajudar na contextualização histórica, compartilhar alguns trabalhos fotográficos que desenvolvi no local e, mais importante, emaranhar-me no conto com aqueles que estiverem presentes. 

O quarto encontro acontece na quarta-feira, 08.06.2016, às 19h na Casa Elefante - Rua Cesário Mota Jr., 277

https://www.facebook.com/events/1007779805956970/

https://plus.google.com/u/0/events/ci9hhmvntpjtd9ako770tm7kajo

quarta-feira, 18 de maio de 2016

you and me, we are just our hips

dark and twisted like Meredith, 
I choose 
to twist and shout my hips on yours
and to break the glass of my memory.

a toast to my dirty grey shadow
moving deliciously slow
during the meeting of 
bodies and no soul.

a great lover
has just escaped from my stomach
to lick you from head
to toe.

would you give me the pleasure of
one more night
to let everything go?

domingo, 15 de maio de 2016

Na sombra

Cansei de criar acaso,
de caso em caso,
de construir casas
em braços fracos
e pouco acolhedores.

Cansei de ver flores,
de plantar sabores
e de desenhar o aroma das cores
de amores
que desbotam o meu olhar.

Cansei de amar
a cidade cinza
onde se morre
um pouco a cada passo,
a cada esquina,
de bar em bar,
a cada estação que se deixa
e a cada rotina,
em vão.

Vão todos para o inferno!
Cidade enferma
alerta para o medo, o ódio
e o desapego.
Previsão de rajadas de vento.

Cansei de palavras de ordem,
de herói, de sorte,
do progresso corpulento.

Poema escrito para a foto de Rose Steinmetz para o Foto Sarau 3: https://www.facebook.com/fotosarau/

Chupar um limão

Ficou pensando no gole
que daria na sua pink lemonade
em seguida,
em como de um só golpe
a sua garganta
o líquido tomaria.
Ficou pensando ainda:
E se a bomba explodisse?
Pensou então na gosma retrógrada
que não apenas envolveria,
mas deformaria a sua vida,
de um só golpe.
Assim sentiu como a gola,
do casaco da última moda,
o golpeava.
Cada letra impressa na sua nuca
o sufocava.
E se a bomba,
a maldita promessa dos canalhas,
de deuses e armas,
explodisse?
Voltou a pensar na limonada,
agora no copo e no gelo,
que arrebentavam.

Poema escrito para a foto de Arluce Gurjão para o Foto Sarau 3: https://www.facebook.com/fotosarau/

domingo, 24 de abril de 2016

domingo, 10 de abril de 2016

poema ao pernilongo

Escutando o zumbido,
meio desperta, meio dormindo.
Sinto que existo
apenas esperando a morte chegar, 
a minha ou a dele.

Imperceptível o tempo
tal qual
a sustentação quase invisível
deste que suga a vida,
não tanto pelo sangue
mas pelo sono que me tira.

Três da manhã, quem dera,
olhos cobertos, rumo a imagens incertas,
cerimônia de sossego ao corpo.
Em vez de sonho, celofane levita pernas longas.

Pequeno corpo,
listras, picadas,
sob a minha vista cansada.
Sacudo, acudo em vão
o meu sono, a cada vôo
deste intruso.

terça-feira, 22 de março de 2016

12.04.2016 - 2° encontro aberto do Cortázar Clube

Em abril a Casa Elefante será Tomada por Cortázar mais uma vez. O que leremos, não sabemos - é preciso se expor ao acaso para gostar do que a literatura é capaz!
*Bem-vindos a novos capítulos!* (chamada escrita pelo meu amigo Alfajor)


Casa Elefante - Rua Cesário Mota Jr., 277 - sobreloja. Estação Santa Cecília: largo, D. Veridiana, Jaguaribe à esquerda, Cesário Mota Jr. à direita.

Postamos um breve comentário fotos do último encontro no nosso blog: http://cortazarclube.blogspot.com.br/

segunda-feira, 21 de março de 2016

sábado, 19 de março de 2016

A primeira coisa que me impressionou e que não consegui explicar

Quando vi a foto no livro, a escovinha não foi mais como antes. E quando olhava aquela escovinha de novo, pensava na foto no livro. Sabia que eram coisas diferentes, que não comeria a escovinha mas por que eram tão iguais sem serem a mesma coisa... Eu tinha uns quatro ou cinco anos de idade.

quinta-feira, 10 de março de 2016

sete de março, na padaria San Marino na Vila Mariana

No answer.
No anxiety.
No sense - nonsense - pas du sens.
Silence.
Sem sorriso (sorria sempre).
So sorry.
So long.
So special, so tired.
Je suis fatiguée.
Je suis ÇA qui n'a pas de place.
Saudade
Em certas línguas, aí complica.
Curvas longilíneas.
Alinha com a minha
Intenção. Ai, meu coração.

coleção cinco de março

não seguro
o que dura
de tão leve - 
pena.


finalmente, eu
entre os seus dentes
e agora essa saudade
que lambe.


Quantas linhas se embaraçam e se entrelaçam nessa boca que escapa do meu desenho? Com quantos riscos se faz um beijo?


seus dentes trincam na minha
SOLIDÃO


corpo não tem coragem
de pisar neste lugar nem
de se colocar de acordo com a 
cor e o sabor que pode proporcionar.


Não sei por que escrevo tudo isso, 
porque não tenho lugar.


venta no meu corpo inteiro 
o teu silêncio.


parte o meu tempo essa sua partida
sem sentido.


meu coração sem pé nem cabeça quer
seu corpo outra vez.


o amor está nas mordidas e nas partidas.


Respirar entre os beijos inventa solidão.
Inventar beijos é respirar solidão.
Beijar solidão requer inventar muita respiração.
Respirar só beijos é morrer de solidão.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Hoje não é dois mil e seis

para  G.

Em cada ponta de uma década:
nós, 
desatando em desejo, trincando beijos.
Eu aos vinte, tu aos trinta - e três.
Num piscar dos meus olhos, os teus,
aos teus quarenta - e quase três.
Era dois mil e seis:
Teus dentes, meus lábios, pela primeira vez.
Inverno, vestígios frios, etéreos e efêmeros.
Tuas malas de viagem cheias de mistério.
Por uma década, teu silêncio quase eterno me visita.
"Hoje não é dois mil e seis.", repeti.
Repeti, repeti.
Te enterrei. Me enterrei.
Dois mil e dezesseis:
Passado presente, acaso pensado.
Tu, da minha mente à minha frente.
Logo tua língua, minha boca,
teus dentes, meus dentes - ah teus dentes! -,
tua boca, minha língua, outra vez.
Hoje não é dois mil e seis 
nem dois mil e dezesseis.
Desfaz-se a década na duração surda a medidas.
Verão, teu novo olhar e a minha melhor versão.
Tu vestido? Quero não!
Teu corpo esclarece a minha mente obscura.
Teus dentes desenham no meu seio 
a delícia e a dor do desapego.
Nosso entrelaçar delicadamente intenso confunde o tempo.
No meu corpo prego desespero pressentindo tua ausência.
Tu, entregue e despido aos meus trinta,
a mim, enquanto eu viva, 
outra vez, não sei.
Tu: desaparecido pela segunda vez.
Sedenta, tensa de saudade, sinto, sento e não espero.
Ainda te desejo.
Na sombra do teu silêncio,
em meus dedos,
procuro o que ficou de ti.
Não sei se te escrevo ou se me penteio,
se esmurro o teu tempo ou o meu espelho.
Desbota no meu seio a duração do nosso desejo.
Hoje é só dois mil e dezesseis a se desenrolar no tempo.


Poema escrito a partir da foto 2, fotografia de Alice Vasconcelos, do 2° Foto Sarau, e a partir de uma experiência bastante significativa sobre a qual eu não estava conseguindo escrever.

Desfile


Da mãe segue os passos
na terra ou no asfalto,
no boletim de ocorrência
ou na concorrência entre espelhos.
Na vinda vermelha, no vestido vermelho.
No vermelho do beijo e da
bofetada!
Abre aspas:
"Vestida de vermelho e prata, ela evocava os sons e a imagem dos carros de bombeiros ao irromperem pelas ruas de Nova Iorque, alarmando o coração com o gongo violento da catástrofe; toda vestida de vermelho e prata, o vermelho e prata dilacerantes, a abrir caminho através da pele. A primeira vez que olhou para ela ele sentiu: 'vai-se incendiar tudo!' "*
Fecha aspas.
Delineou com tantas cores, Anaïs Nin em
"Uma espiã na casa do amor".
Escurece o vestido.
Sapatos esquecidos.
Espaços são tecidos,
estampados,
tem um viés novo.
Salve a escrita como troca de vestido,
de mundo.
Desvia o rumo, o rosto.
Acorda.
A cor do coração devém roxo.

*NIN, Anaïs. ”Uma espiã na casa do amor". Lisboa, Vega, 3a. edição, p. 21.






Poema escrito para a foto 01, de Lucille Kanzawa, do 2o. Foto Sarau, realizado em 28.02.2016

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Encontro aberto #1 do Cortázar Clube


Encontro aberto #1 do Cortázar Clube, dia 15 de março, das 18:30h às 21:00h na Casa Elefante

Leitura surpresa!

Desvie o percurso do trabalho até a sua casa, suba as escadas da Casa Elefante com o pé e o pé e venha ouvir e/ou nos ajudar a ler um ou dois contos de Julio Cortázar. Após a leitura haverá uma conversa na qual poderemos analisar ou maldizer o texto, chorar com instruções ou até mesmo vomitar coelhinhos.

Logo mais haverá um convite no facebook.

Casa Elefante  Rua Cesário Mota Junior, 277 - próximo à estação Santa Cecília do metrô (saída para o Largo da Santa Cecília, Rua Dona Veridiana, à esquerda na Rua Jaguaribe até a Cesário Mota Junior)

http://cortazarclube.blogspot.com.br/



texto escrito no curso "Escrever, desenhar e bordar o erótico" no Sesc Belenzinho em 19.02.2016 durante a atividade em que escrevemos tudo o que vem à mente após uma colega ler em nosso ouvido um trecho de um conto de Hilda Hilst

Não mudei uma vírgula nem fiz nada para que o texto ficasse melhor. Esta foi a corrida entre a minha mente e a caneta no papel:
[Re]significar o que se repete, retomar. Amor? Sexo? Quem? Quando? Onde? Onde começa e onde termina esse frio e esse calor que eu sinto, que  me domina, me limita, me tira do lugar, que faz com que eu não exista. É preciso um outro para dar forma a esse corpo? Como chama o que a gente criou naquela tarde? Não é amor, não é poder, não é foder, não é nada de ordem moral, é a vontade, um saco de medos e desejos, o seu sorriso, a única coisa que torna lindo o seu silêncio, os meus fantasmas dissolvidos no tempo, fora do pensamento. Corpo, ritmo, coração batendo, duração bergsoniana - por que não? -, vento no meu peito. Reinvento. Não consigo. Lindo? Amigo? Ilusão? Libido? Não sei o que sinto nem o que fazer com isso. Concentrar tudo no dito "pinto" não tem sentido. Entendam como quiser. Queiram o impossível, o indizível e eu continuo aqui entre trevas da minha formação, minha libido desviada e a minha mente criativa e desviada.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Segundo Foto Sarau

Evento joia realizado pelo Fotroca:

https://www.facebook.com/events/538185299683178/

Hoje não é dois mil e seis (esboço 2 - 05.02.2016 - poema escrito para o 2° Foto sarau - 28.02.2016*)

para G.

Dois dias a cada dez anos,
ou são dois dias, dez anos?
Nossas bocas trincando.
Eu aos vinte, tu aos trinta.
Eu aos trinta, tu aos quarenta.
Os mesmos ou sombras
Daqueles dois de dois mil e seis.
Quando seus dentes, meus lábios, no inverno, pela primeira vez.
Vestígios frios e etéreos
Teu silêncio quase eterno me visita.
Te enterrei. Me enterrei.
Hoje não é dois mil e seis.
Dois mil e dezesseis
Acaso pensado, encontro marcado.
Olhos devoram, abraços deslocam, dois segundos.
Descascam o tempo útil os dentes.
De repente, uma década ausente.
Não era dois mil e seis nem dois mil e dezesseis.
Verão, tua volta e a minha melhor versão.
Tu? Vestido, quero não.
Nas pontas dos teus dedos, meus fantasmas.
Teus dentes desenham no meio seio
A delícia e a dor do desapego,
Que não aprenderei desta vez.
A durar, meu mundo sob teu olhar
E teu corpo a me nortear.
Nem o tempo matemático nem meus versos desnorteados podem contar.
Tu, despido aos meus trinta, ou enquanto eu viva, outra vez, não sei.
Tu, desaparecido pela segunda vez.
Sedenta e tensa de saudade, sinto, sento e não espero.
Te desejo, no meu corpo prego desespero.
Na sombra do teu silêncio,
Não sei se te escrevo ou se me penteio,
Se esmurro o teu tempo ou o meu espelho.
Se esvaece no meu seio a duração do nosso desejo.
Hoje é só dois mil e dezesseis a se desenrolar no tempo.


*Postarei a versão final após o dia 28.02.

Hoje não é dois mil e seis - para G. (esboço 1 - 04.02.2016 - poema escrito para o 2° Foto sarau - 28.02.2016*)

Dois dias a cada dez anos
Nossas bocas trincando.
Quatro vezes em cada dez anos.
Nós, em uma década:
Eu, aos vinte, aos trinta
Tu, aos trinta, aos quarenta.
Não somos outros senão sombras
Daqueles dois de dois mil e seis.
Seus dentes, meus lábios, pela primeira vez.
Vestígios frios e etéreos
No teu silêncio quase eterno.
Te enterrei. Me enterrei.
Dois mil e dezesseis
O tempo útil dito década descascado pelos dentes.
Acaso pensado, encontro marcado.
Olhar, abraço, dois segundos e 
De novo as mordidas.
Dois dias, outra vez.
O verão, tu e a minha melhor versão.
Meus fantasmas nas pontas dos teus dedos.
Dentes que desenham no meio seio a delícia e a dor do desapego,
Que não aprenderei desta vez.
Vestido, não quero te ver.
Nem teu olhar para o meu mundo
Nem o meu mundo em teu corpo
Meus precários versos sabem descrever.
Tu, vestido ou entregue
Aos meus trinta outra vez, não sei.
Pela segunda vez, senhor do sumiço e do sabor intenso.
Tensa de saudade, sinto, sento e não espero.
Prego desespero no meu corpo e no meu desejo
Na sombra do teu silêncio.
Não sei se te escrevo ou se me penteio
Se grito entre os seus cachos grisalhos cortados,
Se esmurro o teu tempo ou o meu espelho.


*Postarei a versão final após o dia 28.02.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Encontro aberto #0 do Cortázar Clube

Leitura do "Manual de Instruções" do livro Histórias de Cronópios e de famas de Julio Cortázar.

O Cortázar Clube é o encontro de quatro pessoas (Alfajor, Diego, Julie e Marcos) - às vezes três, às vezes duas - para ler algo de Cortázar e conversar.
Convidamos todas, todos e todxs para um encontro aberto no qual faremos uma roda de leitura seguida de um bate-papo livre sobre o texto.
A leitura prévia do texto escolhido não é obrigatória mas pode contribuir na sua participação. 

Encontro aberto #0 do Cortázar Clube na Casa Elefante  Rua Cesário Mota Junior, 277 - próximo à estação Santa Cecília do metrô (saída para o Largo da Santa Cecília, Rua Dona Veridiana, à esquerda na Rua Jaguaribe até a Cesário Mota Junior) - sábado, dia 13 de fevereiro de 2016, das 15h às 18h.

http://cortazarclube.blogspot.com/2016/01/encontro-aberto-0.html
http://www.facebook.com/events/201578503527410/

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Das possibilidades de fuga

Bela, esbelta, esguia,
Sentada espera pela estrela guia.
Estoura o tempo.
Dizem dela, histeria.
Calcula os passos,
Pés pequenos sem espaço no tecido imenso,
Imersa no que dizem seu sexo, seu gênero.
Ditam, drogam, determinam o seu desejo
E a distância entre a árvore e os seus dedos.
Doida, deseja mesmo
Vendaval e vida,
Ver a árvore dançar, dobrar-se aos seus pés,
Poder pular galho e cerca,
Ver no espelho a árvore
Destruída

Poema escrito para a foto #2 do sarau do 38° Fotroca.

Memórias salgadas

Lembra de quando
pegou na minha mão, puxou a minha orelha
e me levou até o fim
da linha da sua mentira?
Sussurrou-me peixes
até que as minhas lentes eram redes.
E eu, arrebentei
cada pedra de sal do seu olhar.
Afundei,
com as pedras nos bolsos, como Woolf.
Retornei,
como Lady Lazarus de Plath.
Livrei-me da rede, das pedras, dos peixes.
Mas não do peso, do alto preço,
das suas mãos empedradas
de fantasias e mentiras
que eu insisto em
apertar.
"Perdoa-me"
é a pedra
que você deveria atirar aqui
no mar.

Poema escrito para a foto #1 do sarau do 38° Fotroca.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

"you show up and the world is wild!"

Rainer Maria, a banda, foi a inspiração para nomear este blog, não só o nome dele, mas também o endereço, fazem referência à banda. "A better version of me" é o nome de um álbum e "The awful truth of loving" o nome de uma música da banda. Há dez anos, escutando os álbuns A better version of me e Long knives drown, lendo O amor nos tempos do cólera de Gabriel García Márquez, eu encontrava pistas do que eu sentia. Se mantenho as referências até hoje é porque algo daquele tempo ainda está comigo - e é disso que falo quase o tempo todo neste blog - mesmo que não exatamente da mesma forma... ao longo dos anos, mais bonito, mais triste, mais complicado, mais pesado, mais vazio e, há dois dias, mais interessante, além de um pouco distante da trilha sonora de 2006. Não consigo ainda dizer o que é, nem escrever algo no mínimo bonito a respeito, mas tenho uma nova trilha sonora. Na falta das minhas palavras, tento encaixar os últimos dois dias nos últimos dez anos na imagem de uma playlist:

1. The double life (Rainer Maria)
 save me some time, I can't tell any more what's yours and what's mine

2. The awful truth of loving (Rainer Maria)
it's a dilemma of boys and girls for centuries
do I really know you? do you really need me?
first it feels right then you write a novel worrying about the awful truth of loving

3. Ears ring (Rainer Maria)
You need contact daily
Your conscience is failing
You need contact daily
And you already love her

4. Catastrophe (Rainer Maria)
But I've got a plan.
I'm gonna find you
at the end of the world

5. Bottle (Rainer Maria)
It's like a bottle to the head.
I'm seeing stars, I'm seeing red.
I'd taste your mouth in anyone's kiss.
Where do you end and I begin?

6. Life of leisure (Rainer Maria)
The future's going out of focus.
Our talk is cheap, but the phone bill is not.
And how can one word mean another?
And why am I staying up alone in the dark?

7. Southpaw (Rainer Maria) 
Cracked knuckles, and my fists are bandaged up for the fight.
Am I ready?There's the bell.
How many rounds can I go?
And how can I soften the blows?
Can I avoid them altogether?
But my heart isn't in this.
I'm supposed to be a seasoned fighter.
It feels like my first hit.(and it hurts like...)
I didn't see this coming anyway.(yeah, it hurts like hell)
But my heart isn't in this.
I'm supposed to be a seasoned fighter.
It feels like my first hit.(and it hurts like...)
I didn't see this coming anyway.(yeah, it hurts like hell)
So don't tell the crowd,
but I'm gonna let my guard down.

8.  Make you mine (Rainer Maria)
Can you name all the bones in my body?
Can you make all the tones in my head?
[...]
Can you lay all my ghosts in their graves?

9. This is love (P.J. Harvey) 
I can't believe life's so complex 
When I just wanna' sit here and watch you undress 
This is love that I'm feeling 

10. Untitled and unsung (Belly) 
I want you soft in the middle. I see a strange and furious face. I know your heart. I want your pearly hand in my hair. We make a strange and furious pair. I want you locked in the middle. I know your heart. I know your heart. It's just like mine was. So you wanna know why I can't sleep. You wanna know why I can't sleep. You wanna know why I can't sleep. Unless I've got a belly full of wine. You show up in time for a bad time. Mmm, 'less I've got a belly full of wine. You show up and the world is wild. I want your pearly little hand in my hair. We make a strange and furious pair. I want you pearly on the inside. I know your heart. I know your heart. It's just like mine was. So you wanna know why I can't sleep at night. You wanna know why I can't sleep at night. You wanna know why I can't sleep. Unless I've got a belly full of wine. You show up in time for a bad time. Mmm, 'less I've got a belly full of wine. You show up in tails for a bad time. Mmm, 'less I've got my belly full of wine. I'm drunk and the world is wild. You got it. Heaven in your hand,You got it. You got it, Heaven in your hand.


11. ?