sexta-feira, 8 de julho de 2016

Deve-se queimar Beauvoir?



 flyer lindo divulgado na página do Mafalda



 




Olá. Meu nome é Juliana Oliva e eu estudo Simone de Beauvoir. Oi. Eu sou a Julie, eu saí do facebook há mais de dois anos e eu posto poemas confessionais neste blog anonimamente. Ah! Antes de tudo, dizem que eu sou uma mulher. Eu sou?
Foi da vontade de sumir que vai e volta, que anda fortemente presente nos últimos meses, que surgiu a ideia de criar este blog e, mais tarde, de sair do facebook. Sumir ao menos na vida virtual então. Não tem mais Julie nem Juliana Oliva, fica a better version of me, esta, talvez nem sempre melhor. Foram quatro pedaços de felicidade, quatro dias em que encontrei, graças à querida Renata, dez garotas (Alessandra, Beatriz, Gabriela, Graziela, Jessica, Julia, Lauana, Midria, Thainara e Zaira) e um garoto (Gabriel) no cursinho Mafalda SP Leste I, que me fizeram sair do anonimato neste blog. Ou melhor, não fizeram nada, na minha experiência com elas, com ele, desvelei o mundo de outra forma e escolhi dizer aqui quem eu sou, e o que eu fiz: um curso de férias.
"Deve-se queimar Beauvoir?", inspirado no título do texto da autora "Deve-se queimar Sade?", foi o nome que escolhi para o curso. A ideia era contar sobre a vida e a obra de Beauvoir e ensinar um pouco sobre a sua perspectiva filosófica e a aplicação desta no que diz respeito ao problema - aos problemas! - da mulher - das mulheres! - no célebre O segundo sexo, mas... partindo do que se diz sobre a autora, das frases atribuídas a ela nas redes sociais e do que cada participante conhecia a respeito. Acredito que consegui realizar a proposta. 
Foram quatro encontros. No primeiro dia perguntei "quem é Beauvoir?". "Beauvoir" era um nome frequente no facebook associado aos feminismos, era tema de uma pergunta do ENEM ou era apenas um nome que aparecia no título de um dos cursos de férias do Mafalda. Aos poucos, Beauvoir ganhou corpo na nossa sala, não apenas pelo que eu ensinava nas minhas longas falas que estouravam o tempo que eu pensava que a aula duraria quando escrevi a proposta, mas a cada olhar, a cada dúvida, a cada contestação, a cada comentário, a cada reflexão e principalmente, a cada reação contra a situação de machismo que ainda persiste. Situação que transcendemos ali dentro. 
Minha proposta para terminar o curso era abrir espaço para que cada participante expressasse na linguagem que preferisse o olhar que adquiriu ao longo dos encontros. O resultado foi lindo: um jogo de palavras, um poema, da Midria, a lembrança da Graziela da letra de "Pais e filhos" da Legião Urbana, o desenho que a Gabriela fez da Beauvoir, o desenho da Zaira inspirado no curso, o texto sobre Beauvoir e O segundo sexo escrito pela Jessica e a palavra final da Julia à pergunta "Deve-se queimar Beauvoir?"! Decidimos que não. 
Com este texto, agradeço à Re, ao cursinho Mafalda, a funcionárias e funcionários da UNICID (espaço que abriga o Mafalda), às alunas e ao aluno incríveis que tornaram o curso possível e à Tati Schunck (a maior incentivadora da escrita e da divulgação da proposta), e reitero que desejo muito que "Deve-se queimar Beauvoir?" aconteça em outros espaços. 
Eu sou a Juliana Oliva, mas podem me chamar de Julie. Às vezes eu canso de tudo, mas Beauvoir e muitas pessoas lá fora me lembram de que vale a pena não sumir. Então apareço. 




Alunas que estavam presentes no último dia do curso.





o presente que ganhei da Gabriela






O poema da Midria:


Durante todo o tempo de nossa existência

Uma questão que deve se manter em eminência 

É a da prática iminente da ausência


Da ausência de justificativa

Da valorização transcendental de toda liberdade original

De compensar o peso de suas ações sobre a terra

E perceber que a vida é como um nau:fragia ou não

A partir do que se entende e se faz dela afinal


nossa foto feita pela Julia


o texto da Jessica

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